segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Reescrever-me


Resolvi escrever minha história. Ou talvez, recomeçar. Entendi que ser feliz só requer um pouco de vontade. Alguns dizem que o lugar que estamos não deveria influenciar. Mas resolvi ver o mundo. Aquele que sempre me contaram que existe mas que, de fato, nunca vi, a não ser nos filmes. Resolvi vê-lo com os meus próprios olhos. Sei que não vai ser fácil. Prefiro saber que não estou indo atrás da felicidade. Estou certa que, do jeito dela, ou do meu, ela me acompanhará.

Resolvi começar, sem ninguém que me conheça ou melhor, que ache que me conheça. Por atitudes impensadas ou pensadas demais. Pelo cabelo assim ou assado, pelos palavrões ou pelo jeito simples ou complicado demais de ser.

Resolvi recomeçar do meu jeito. De um jeito meu que ainda não sei qual é. De um jeito que só vou descobrir quando chegar lá. Para alguns, estou indo me aventurar. Para outros, estou fugindo. Para mim, estou indo me encontrar. Ou me perder.


Sentirei falta daquilo que realmente me interessa. Sei que vai doer a saudade e a falta dos amigos. O samba, os palavrões. O ser tudo e nada ao mesmo tempo. Mas resolvi explorar terras, já exploradas, não por mim. Resolvi chegar em um lugar em que ninguém nunca ouviu falar de mim. Então, tirem suas próprias conclusões.


Vou encontrar o inusitado. Ser aventureira ou insensata. Ser forte e fraca ao mesmo tempo. Vou ser feliz e triste. Rica e pobre. Eu e eu. Despida de mim mesma. E vestida para mim. Estou certa de que não será fácil. E mais certa ainda que não será difícil o suficiente pra me fazer ser quem eu não sou. Embora às vezes eu não saiba me traduzir em uma, duas ou três palavras. Descobri que é difícil demais achar 5 qualidades. Talvez eu descubra que nem tão difícil será acharem 7 vezes mais defeitos.


Achem. Estou despida de emoções. As que existem estão a flor da pele. Não estou indo encontrar nada além de mim. Mim mesma. Eu. Ser que muitas vezes ignorei. Cá estou. Lá estarei.


Difícil ou fácil. Preto ou branco. Razão ou emoção.
Um pouco disso tudo, e tudo menos extremista. Pode ser razoável, mulato ou insensato. E enquanto houver dúvida, certeza, incerteza. Amor e ódio. Vontade e descaso. Lá eu estarei.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tempo de decisão

Eram dias de calor excessivo e pouca umidade. Pensar era um exercício árduo demais para dias como aqueles. Parecia que em algum momento o suor se espalharia pelo cérebro e alguma engrenagem se enferrujaria.

Naqueles dias, tudo o que ela queria era ser uma pessoa de contentamento fácil. Nos últimos anos, seus dias eram marcados por uma rotina quase milimétrica: dormir para acordar, acordar para trabalhar, trabalhar para pagar contas e, no final do dia, uma cerveja pra preencher o vazio. No dia seguinte, tudo se repetia como se assistíssemos, de novo, a mesma cena de um filme. Ela queria se contentar com aquilo.

Mas, para ela, aquilo era muito pouco e, a cada dia que passava aumentava o vazio. Estava próximo de um buraco negro. Ela achava que a vida deveria ser muito mais que aquilo e que era hora de se arriscar em uma aventura diferente. Uma aventura do jeito dela, para ela.

Mesmo não querendo, ela precisava ser racional. Deixar para trás uma ótima proposta de trabalho era, no mínimo, loucura naqueles tempos de crise. Mas ela não queria pensar nisso. Queria sair. Precisava andar. Desejava ver, com os próprios olhos, que o mundo era muito maior do que aquela pequena cidade que morava. E estava decidida. Agora só faltava formalizar a decisão. E será formalizada.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Do vazio


Tela de computador. Um cigarro aceso, um copo de coca-cola e uma página em branco. A casa está vazia. Cama desarrumada, louça suja na pia, sapatos no meio do caminho. Senta, deita, levanta, se ajeita. Abre o email, entra no orkut. Procura um ou outro amigo virtual. Curiosidade à parte, aquilo ali é insignificante demais para ser mais do que banalidade virtual. Apesar de haver milhares de pensamentos e idéias mirabolantes por segundo, a página continua vazia. Liga a TV. Passa de um canal para o outro como quem procura agulha no palheiro. Nada suficientemente interessante para prender a atenção. Acende outro cigarro, e nesse momento já começa a se culpar por fumar demais. Ok, só mais esse. E mais um copo de coca-cola.

Hoje tinha resolvido ficar em casa. Curtir um pouco aqueles 10 metros quadrados, tão parecidos e tão diferentes dela, ao mesmo tempo. Põe um DVD. Acabou a pilha do controle remoto. Abre um livro. Preguiça. De repente o telefone toca. Alguém que está vivendo uma angústia semelhante resolveu se manifestar. Ok, se é pra estar angustiado, que seja acompanhado. Palavras pra cá. Risadas pra lá. Um copo, um cigarro, um cinzeiro. De repente um beijo. E mais um, e outro. E mais alguns. Bons beijos e um pouco de carinho. Tchau, até mais!

De volta à página. Em branco. Vazia.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Um pouco de nostalgia


Saudades de alguns dias.
Das sapatilhas.
Do secreto. Dos segredos.
Saudades do frio na barriga e das borboletas no estômago.
Das noites de brigadeiro, preto ou branco.
Dos filmes no vídeo cassete.
Da pipoca estourada na panela, com manteiga.
Dos longos telefonemas, no telefone fixo.
Saudades de ter hora pra chegar. De não poder sair.
Dos segredos banais, mas tão bem guardados.
Das cartinhas na escola.
Das tardes no clube.
Das noites do pijama. Um quarto, várias amigas e muitas risadas.
Coca-cola. Pizza. Sanduíche.
Saudades de outros tempos.
Dos amigos. Das amigas.
Saudades de um tempo que não volta.
Saudades do que ainda não chegou.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pra si mesmo

Mentir, mentir, mentir.
Dizer que nunca mentiu já é dizer uma mentira.

Grandes, pequenas, sinceras, ousadas.
Mas a pior das mentiras é a que se conta para si mesmo.
Mentir para si mesmo.
Criar um mundo fantasioso, cheio de inverdades e certezas irreais.

E, de repente, se deparar com o mundo real.
O que é real e o que foi criado?

O que verdade?

Qual é a mentira?
Mentiras.
Decepção. Consigo mesmo.
Qual é esse mundo?
Decepção.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ensaio


Mais um dia.
Para os mais pessimistas, menos um.

Acordar, trabalhar, almoçar, trabalhar, escrever, ouvir, falar.
Voltar, banhar, sair, ensaiar, dormir. Ensaiar.
Ensaio.

Mais um dia, ou menos um.

Nada definido. Nada concreto.

Enquanto isso, a pele insiste em fazer externo o que eu tento abafar.
Dias passando. Tempo morrendo.
Menos um dia. Nada definido.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Só um blog



Isso é só um blog.

Apenas palavras jogadas como pedacinhos de papel ao vento.

Palavras que precisam ser jogadas, porque sufocam de alguma forma: felicidade ou angústia.


Tamanha necessidade de escrever algo.

Tamanha necessidade de ser algo.


Escrever facilita muito. Resume-se uma vida. Cria-se receitas.


Imprimir letras na tela, ou no papel, não gasta nada além de um tempinho.

Isso é só um blog.

Não é a minha vida. Nem a sua. Isso aqui não tem vida.

É só uma página de letras jogadas.

Uma página escrita de palavras. Palavras que vêm da alma.


Alma tem quem escreve. Isso aqui não tem alma. Só quem joga as palavras tem.

Isso é só um blog.

domingo, 12 de outubro de 2008

Hobby


Preciso de um hobby... algo que me faça ver sentido nas horas vagas. Algo que me traga um sentido além de boemia, cerveja e cigarro. Algo que traga à tona uma vontade maior. Que me traga à tona.

Cansei da noite pela noite. Tem horas que preciso de mais. Mais vontade, mais vida, mais sensibilidade. Não dá pra continuar sendo um estereótipo. Preciso de algo que me organize e me centre.

Quero mais. Mais do que a noite vazia, embora eu saiba que há estrelas.
Viver algo especial, que me faça relembrar como somos quando temos algo que nos preenche.

Preciso de um rumo. De um esteio. De um porto.
Preciso me ancorar, pois por enquanto ando como um navio sem destino.

Quero um dia bom. Uma noite completa. Um sono tranqüilo.


Quero uma bússola e um mar menos revolto.

Quero ter apenas 24 anos. Quero uma vida minha.
Quero um norte ou um sul. Um oeste ou um leste.

Preciso de um hobby.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Depois que eu me encontrar

Preguiça de pensar... tenho dito que essa campanha política maluca tá me emburrecendo.

Anyway, Cartola (na voz de Marisa) expressa bem o que estou sentindo.

Copiada assim, na cara dura mesmo, mas ok!

Preciso me encontrar
Deixe-me ir preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra nao chorar

Quero assistir o sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir o pássaros cantar
Eu quero nascer quero viver

Se alguem por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que eu me encontrar



sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Learn to fly



Sabe aqueles momentos em que você se depara com algo totalmente novo? Que você começa a perceber que sua vida está caminhando para algo diferente de só planejar? Que de repente você se dá um xeque-mate, um famoso "ou vai ou racha"?

Então...
É uma excelente sensação: aquela de fazer algo para si mesmo, e só. E sem julgamentos de egoísmo, afinal de contas, percebi o quanto é importante agir para si. Não dá para esperar milagres acontecerem. Nem esperarmos mais um pouco, afinal, não sabemos quanto tempo nos resta. Já escrevi aqui sobre a nossa vulnerabilidade.

Então, é chegada a hora de nos desprendermos das amarras (algumas até que nem existem, de fato) e aprender a voar. E de repente, até mudar o rumo, percorrer novos caminhos e perceber que não temos que seguir aquele que sempre dissemos que queríamos.
Mudar faz parte do ser humano. Nos adaptar a novas situações e nos permitir explorar novos territórios.

Não, mudar não é fácil.

Primeiro porque é tão mais cômodo se manter no mesmo lugar, naquele que conhecemos e que nos apegamos ao fato de ser mais seguro.

Depois, porque há dúvidas.
Como vai ser? Como agir? O que fazer? Vai dar certo? Perguntas sem nenhuma resposta, se nos mantivernos no mesmo lugar.

E a ansiedade?
Querer pra ontem.. mal poder esperar pra acontecer, ai céus. Sim... processo de mudança. Processo de concretizar um plano mesmo que, há alguns meses, ele nem aparecesse na lista de prioridades.

Algumas coisas não são pra ontem. Nem pra amanhã. Exigem um certo tempo de preparação. O tempo de se desprender das amarras e aprender a voar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Bird, fly!


Nesse momento, ainda sem muita inspiração para escrever algo descente. Acho que agora, mais apegada em concretizar planos. Nesse sentido, o texto abaixo diz tudo o que eu não conseguiria dizer por mim mesma.

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos e simplesmente ir ver”.
(Amyr Klink)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Lutos



Quantas pessoas precisaremos perder para percebermos, definitivamente, o quanto somos vulneráveis? Para finalmente dar valor no hoje, pois essa é a única certeza que temos.


Quantos lutos teremos que vestir para mudarmos o rumo de nossas próprias vidas? Para entendermos de uma vez por todas que não teremos outra chance para fazermos diferente. Não teremos outra vida e, de fato, não sabemos nem se teremos outro dia, outra hora.


Planejamos muito. Fazemos milhares de resoluções de ano-novo. Deixamos para começar a dieta na segunda-feira, e olha que hoje ainda é quarta. E quando vamos começar a viver? Quando vamos olhar para nós mesmos e fazer o que realmente nos faz felizes? Quando começaremos a responder, quando indagados de como está a vida, que estamos felizes, ao invés de responder um simples e frio “vai indo”.


Quando vamos entender que a vida é curta demais e que simplesmente não permite ensaios? Nosso ato é agora, errado ou certo, feliz ou triste, bem ou mal vivido.


Quantos lutos mais teremos que vestir?



quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Coisas mínimas, quase insignificantes. Quase.

Certa vez, ouvi de um amigo uma frase que achei interessante, pela sua simplicidade e pelas conseqüências que ela pode causar nas nossas vidas.
"Amar e mudar as coisas". Talvez muito idealista no discurso e pouco prática na vida real.

Porém, acredito que se deixarmos de complicar nossas vidas, talvez possamos mudar, a começar pelas pequenas coisas. Aquelas coisas simples, pequenas, que talvez passem despercebidas no nosso cotidiano desenfreado.

Eu não sei exatamente porque comecei esse post dessa forma. Na verdade eu só queria dizer que achei super bacana uma música do Teatro Mágico que acabei de ouvir. E no final tem uma fala do cantor sobre as coisas simples da vida. Talvez por isso eu tenha dado essa volta maluca.

Enfim, é sempre bom conhecer coisas novas. E melhor ainda, pensar na possibilidade de mudar as coisas que já conhecemos. Por mais simples ou insignificantes que elas possam parecer. Enfim, amar e mudar as coisas.

E contrariando os outros posts, dessa vez, ao invés de foto, coloco o vídeo dessa música. Assim, inicio uma pequena mudança, de uma coisa simples e quase insignificante. Espero que gostem!

"Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só"
O Anjo Mais Velho - O Teatro Mágico


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sereno


Já faz um tempo, eu descobri que tenho a tendência de escrever apenas quando estou precisando externar sentimentos não necessariamente bons.
Ok, vou tentar fazer algo diferente hoje.

Fico feliz quando produzo, mesmo que isso me deixe tão cansada quanto estou no momento. Mas é um cansaço bom. Um cansaço confortante.
De repente, percebi que estou plantando para colher muito em breve, e isso é o que de fato me interessa. Novos planos, novos rumos. Sem deixar que isso me impeça de viver o agora. Um bom agora. Um agora feliz, serenamente feliz.

Vomitar às vezes faz bem. Limpar o que está fazendo mal por dentro. Isso libera espaço para coisas boas. E, no momento, tem muito espaço para isso.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Paradoxal


Continuo em estado letárgico, mas preciso vomitar.
Salve Quintana.

"Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho,
eles passarão...

eu passarinho!"

Mario Quintana

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Descaso iminente


Nada se faz sem paixão, tesão ou emoção.
Sem esses quesitos, existe a sensação de que nada está sendo feito de verdade.

"Barriga" o feito, espera o tempo passar.
E os resultados até que têm significado, mas não são necessariamente significantes.
Simplesmente conseqüência.

Enquanto espero algo que faça mais sentido acontecer, obedeço à Lei da Inércia.
Continuo vivendo o script que está pronto.


Reclama. Reclama. Reclama.

Pede. Pede. Pede.
Por que não faz?

Arrumo desculpas para tudo.

Existem pontos, mas não existem nós.

E a fila, parada e fria, continua assim.
Enquanto isso, a Lei da Inércia.

Sem paixão, tesão ou emoção.

Descaso pelo resultado.
Apenas conseqüência.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Espaços vazios - cópia


Na falta de inspiração, emoção, incubação ou coisa que o valha.
Na falta de fósforo, fosfato e no medo de queimar neurônio.
Na preguiça de pensar o que sente e escrever o que pensa.
Copio um texto de Oswaldo Montenegro para tapar o espaço vazio dessa página.

Texto Fazenda Modelo
Era assim: o que quiser que tenha, tinha.
Tinha arrebol? tinha. rouxinol? tinha. Luar do sertão, palmeira imperial, girassol, tinha. Também tinha temporal, barranco, às vezes lamaçal, o diabo Depois bananeira, até cachoeira, mutuca, boto, urubu, horizonte, Pedra, pau, trigo, joio, cactus, raios, estrela cadente, Incandescências. enfim
Oswaldo Montenegro

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Escolhas


Quando a saudade insiste em atormentar.
As lembranças vagueiam de forma tão cruel.

As lágrimas insistem em cair.

O coração insiste em apertar.

Por mais nãos que já tenham sido ditos para si, mesmo calados.
Os sims ditos de forma tão escandalosas pesam mais.
Quando os fantasmas insistem em assombrar, o melhor é seguir outro caminho.
E essas escolhas precisam ser feitas com a alma.
Mas é sempre difícil enxergar outros caminhos, com os olhos tapados por lágrimas.

domingo, 13 de julho de 2008

Just as I am


Não. Eu não sou a super legal da turma.
Nem a mais engraçada, nem a mais nerd, nem a mais louca.
Também não sou a mais viajada, a mais letrada ou a mais descolada.
Não sou a que mais entende de música ou de cinema.
Longe de ser a mais vaidosa ou que a mais entende de yoga, reiki ou homeopatia.
Eu sou apenas eu. Uma pessoa basicamente comum.
Que gosta de boa música, bons filmes e boa companhia.
Que adora conversar (e como), rir e chorar.
Enfim, uma pessoa comum.
Comum, normal, alguém.
Nem melhor, nem pior do que as pessoas por quem você passa na rua e não diz nem bom dia.
Nem melhor, nem pior do que as pessoas para quem você diz bom dia.
Sou uma pessoa comum.
Sem rótulos.
Nem a mais, nem a menos nada.
Apenas quem segue seus dias buscando mais do que o que a vida oferece.
Just as I am.

sábado, 5 de julho de 2008

Maiêutica


Faz tempo que não escrevo nada aqui. Falta inspiração às vezes. Na verdade, tem faltado muitas coisas. Depois de se tornar consciente das "repetições de scripts" fica complicado continuar sem querer mudar tudo. O difícil é saber como. Enquanto tudo fica no plano do inconsciente, é justificável. Simplesmente ignora-se a existência dos fantasmas. Sabe-se que eles estão lá, mas desde que fique cada um no seu lugar, vive-se assim. Mas tomar consciência. É quase uma obrigação fazer ser diferente. Talvez Sócrates explique. Sim, Sócrates. Aquele que criou a "maiêutica", ou "o momento do parto intelectual da procura da verdade no interior do homem." "Conhece-te a ti mesmo", já dizia ele no século IV a.C. Tantos séculos depois, olhar para si continua sendo algo quase enlouquecedor. Buscar suas próprias verdades, encarar sua própria história, enfrentar seus próprios medos e traumas. Parece tão mais fácil simplesmente continuar vivendo. É tão mais cômodo ignorar-se, ligar o botão do piloto automático e seguir. Ainda mais sabendo que chegaremos ao fim da vida sem ao menos um certificado. E mais do que isso... pensar que nem se sabe quando é o fim da vida para calcularmos o quanto de si mesmo será preciso conhecer por dia, para fazer algum sentido. Realmente, nada disso é matemático. Consciente de algumas coisas, é preciso me desvencilhar de algumas heranças. Quem sabe assim o foco muda para dentro. Talvez assim faça mais sentido.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

À luz


Sair da zona de conforto é quase um parto, a começar pela dor. Nunca pari, mas já ouvi dizer que a dor é muito forte.

Parir é dar à luz a outra vida.

Realmente essa é uma boa analogia: sair da zona de conforto dói e dá à luz a outra vida.

Como é difícil.


Ouvi certa vez uma frase interessante: o buraco é fundo, escuro, mas é quentinho. Assim deve ser o útero. Assim é nossa zona de conforto.


Nos acostumamos a tudo: aos pequenos prazeres, às grandes dores, às pseudo-alegrias. E o que é pior, além de nos acostumarmos, fazemos das coisas pequenas e medíocres, verdades nas nossas vidas. É tão fácil acreditar em falsos deuses. E é tão difícil refazer nossa vida sem eles.


Me recordo de outra frase, de igual importância na minha vida: não comece o que não é capaz de terminar. Falsos deuses fazem isso. Criam expectativas desleais em mentes fracas.


Recomeçar dói. Não dá para negar a própria dor, mas dá para acreditar que ela é importante no processo de reconstrução.


Estamos no mundo graças à dor de alguém. À dor de quem deu à luz às nossas vidas. Ninguém nos contou o quanto seria difícil. Mas, quem disse que seria fácil?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Constatação

E no final, o que restou foi apenas uma constatação:

Desdenhamos o que não conhecemos.

E dessa constatação, faço outras:

Subestimamos o que não conseguiram nos explicar.

Repudiamos o desconhecido.

Zombamos do que não entendemos.

E, algumas cervejas depois, damos risada de nós mesmos e fazemos de conta que sabemos tudo.

Homenagem à Ana Cláudia e Tiago! E mais sextas-feiras virão...

Plágio


Esgotamos as possibilidades.

Pensamos, pensamos, pensamos.

Não há mais nada a fazer.

Esgotamos?

Ou esgotei?

Esgotei.

Melhor assim.

Se fosse para ser, já teria sido.

Então, aqui jaz.

Agora é a hora de plagiar o Chico.

E concluir.

Deixe em paz meu coração.

sábado, 29 de março de 2008

Por mim

Agora é o momento da força que me falta. Preciso rever minha vida, parar de só pensar. O que estou fazendo comigo? É uma espécie de purgatório que insisto em viver.

Preciso de ajuda. Da minha ajuda. Rever os meus valores. Recuperar minha força. Deixar essa vontade de nada.

Preciso de mais ação, atitude, ideologia. Encontrar em meio a esse turbilhão de nada, força para parar de esperar da vida e fazer por mim. Eu, por mim mesma.

terça-feira, 25 de março de 2008

Pegadas

Saudosa dos tempos que se foram e temerosa pelos que virão. Trago na memória lembranças que parecem tão íntimas e tão distantes ao mesmo tempo. Daquelas que parecem ter acontecido ontem, mas que já nem sei quando aconteceram.

O amanhã me assusta e o passado insiste em me assombrar. Às vezes as assombrações não são tão ruins, a não ser pela dor da sua inexistência.

É tão difícil se desvencilhar do tempo. E mais difícil é construir seu próprio tempo.

Sou assim... vivo em busca do que ainda está por vir e espero mais do que o que a vida pode me oferecer. Um pé aqui, outro lá atrás e mais um logo adiante. Sou quem busca deixar suas próprias pegadas marcadas num chão que às vezes se mostra pouco sólido.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Ciclo

A sede me seca as veias. A sede da vontade, do desejo, do sonho. A sede me seca a vontade. A vontade seca, seca o sonho. O sonho seca, espera, cai. Cai como as folhas secas, mortas. Morre a face, morre o sonho, o abandono. Abandono seco, molhado, espantado. A face abandona o corpo. O corpo abandona a alma. A alma se despede, desfalece e morre.

Mas da morte surgem as cinzas. E as cinzas cicatrizam as feridas. As feridas secam. A alma procura o corpo. Acha. O corpo procura a face. Acha. Tudo se encaixa. O abandono é a ferida viva. Morta. O abandono cicatriza. E na cicatriz encontra força. E da força cresço, amadureço. Amadureço e seco. Seco e caio como a folha seca no outono. Mais uma vez, um novo ciclo. Ciclo de novas cicatrizes e velhos sonhos.

sábado, 15 de março de 2008

Cinzas

Perdi as contas de quantos cigarros já fumei, com a esperança que a angústia vá embora junto com a fumaça. Já nem sei mais o que sinto, com tanta coisa na cabeça, e mais ainda no coração, ao mesmo tempo.

Tem dias que são assim. A sensação de querer tudo ao mesmo tempo e, ao mesmo tempo, não saber o que querer. A cabeça a mil, o coração apertado. Aquele querer o que não pode e aquela saudade do que ainda não viveu. Querer ser cidadã do mundo e ainda não ter conseguido ser cidadã de si mesma.

Enquanto isso, os pensamentos vagueiam e o cinzeiro cumpre o seu papel: se encher de cinzas, mas cinzas de alguma coisa que é mais do que o cigarro que se apaga. E mais um cigarro se apaga.

Eu

Leio o horóscopo sempre que posso
E acredito quanto convém
Rezo pro meu anjo da guarda toda noite
Adoro insensos
Já fiz novenas
Já fumei todos os cigarros que eu fiz um pedido, pus ao contrário no maço e deixei pra fumar por último
Já li algumas coisas na bíblia
Já li livros de Wicca
Já pedi, pedi e implorei... mas nem sempre fui atendida
Eu choro
Eu dou gargalhada
Ora uma criança
Ora uma velha ranzinza
Já tomei banho de sal grosso e de cachoeira
Já fiz todas as dietas possíveis e imagináveis
Já quis morrer
Já quis viver mais
Já pedi pra noite não ir embora, só pra eu continuar vendo a lua
Já pedi pra várias pessoas não irem embora, só pra não ficar sozinha
Já quis voar (ainda quero)
Já quis voltar o tempo
Já quis que o tempo passasse mais rápido
Já comi até vomitar
Já deixei de comer
Já quis mandar o mundo pro espaço, ou eu mesma
Sinto saudades
Sinto frio e calor ao mesmo tempo
Já pedi colo
Já pedi beijo
Já pedi tanta coisa
E principalmente: um muito obrigada
Já quis ser feliz
Já quis ser triste
Já chorei e ri ao mesmo tempo
Já tomei vários porres na balada, de alegria ou pra chorar as mágoas
Já quis quebrar a casa
Já quis pedir pro mundo parar, só por um instante, pra eu pensar um pouco
Já perdi a cabeça
Já me perdi e me encontrei milhares de vezes
Já quis ser atriz
Já deixei de querer e hoje eu não sei mais
Já quis ficar sozinha
Já chorei por uma companhia
E hoje?
Hoje. Tudo o que já fiz, já senti, eu continuo fazendo e sentindo
Às vezes uma coisa de cada vez
Outras, todas ao mesmo tempo