terça-feira, 26 de março de 2013

Essa vã filosofia de botequim em noites de insônia


E já que o assunto é filosofia, a minha, tão vã, tem sido levantar da cama todos os dias. O relógio bate 10, depois 13, às vezes 16 ou até 17. Quem sabe 18, quando a sirene da fábrica toca. Essa luta implacável entre o travesseiro e a luz do dia. Essa coisa de respirar fundo e tentar.

E por falar em respirar, descobri recentemente que respirar dói. Muito. Não essa coisa que fazemos inconscientemente do ar entrando e saindo de qualquer jeito. Respirar dói e definitivamente, eu não sei fazê-lo.

Voltando ao sono. Cristãos poderão chamá-lo de pecado. Eu, pecador,  e o alimento diário para um dos capitais chamado preguiça. Eu o chamo filosofia. A coisa do ser e não ser. A coisa do não querer. A pergunta que se faz quando se está lá, inerte, respirando razoavelmente bem, é qual a diferença que alguém pode fazer no mundo. Tanto faz se está dormindo ou acordado, desde que não tenha uma ocupação social naquele período. Sendo assim, a diferença é nula. E a filosofia é quase de botequim.

E a mim resta saber o que faço eu no mundo. Essa coisa cheia de carne e gordura e cheia de pensamentos vis. Pensa tanto que se cansa de pensar. E dorme. Mais um cochilo. Três horas depois, já está a pensar qualquer coisa outra que canse o suficiente para dar fome.

Um parágrafo de um livro depois e são apenas palavras, combinadas e misturadas que não dizem nada. Nada faz sentido. Não me lembro nem da última que li. Palavra, digo. Quando mais a frase ou o parágrafo todo.

E já que o assunto é filosofia, a minha, tão vã, tem sido me livrar dos pensamentos às 2 da manhã. Ou às 3, ou às 6, quem sabe. Daqueles pensamentos que levam a lugar algum. De outros que partem de vários lugares que prefiro não retornar.

E por falar em não retornar, melhor dormir que tudo passa. 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Espectros


Essa coisa visceral que, de vez em quando entra em transe. Surtos de insanidade e sanidade demais. Medo que não pede abrigo. Que pensa sem pensar no perigo. Que paira no ar. O ar.

Um dia de cada vez e alguns uma eternidade. Efêmera demais para uma vida só. Morbidade,  monotonia, a falta de fé e o excesso dela.

Inquietude. Não saber onde colocar as mãos. Ou os pés. E de quando em quando, trocar um pelo outro.  O dia cinza. O sol escaldante. As cores que pairam e param. Ser um e ser dois. Ser todos em um.

O pensamento vazio. Uma coisa qualquer. Uma metade inteira. Um completo vazio. Pensar demais e não dizer. Falar muito sem pensar.  Essa coisa meio cá, meio lá. Meio de lugar nenhum. Meio para qualquer lugar.