segunda-feira, 17 de março de 2008

Ciclo

A sede me seca as veias. A sede da vontade, do desejo, do sonho. A sede me seca a vontade. A vontade seca, seca o sonho. O sonho seca, espera, cai. Cai como as folhas secas, mortas. Morre a face, morre o sonho, o abandono. Abandono seco, molhado, espantado. A face abandona o corpo. O corpo abandona a alma. A alma se despede, desfalece e morre.

Mas da morte surgem as cinzas. E as cinzas cicatrizam as feridas. As feridas secam. A alma procura o corpo. Acha. O corpo procura a face. Acha. Tudo se encaixa. O abandono é a ferida viva. Morta. O abandono cicatriza. E na cicatriz encontra força. E da força cresço, amadureço. Amadureço e seco. Seco e caio como a folha seca no outono. Mais uma vez, um novo ciclo. Ciclo de novas cicatrizes e velhos sonhos.

Nenhum comentário: