sexta-feira, 23 de março de 2012

À mãe, ao pai, o filho

Ô mãe, avisa o pai que eu fui. Fui pra longe, longe da luz.
Desfaz minha cama, e monta um altar. De lá, eu não vou mais voltar.
Ô pai, cuida da mãe. Põe a mesa no café, mas deixa um lugar pra mim.
No almoço, calem o silêncio com as histórias que não vivi. 
De quando em quando se lembrem, com carinho, de mim. 
Sexta à noite, desligue a TV. 
Ô pai, compra aquele vinho, não precisa ser do mais caro. 
Mas põe na taça bonita, faz pra mãe um agrado.
Esquece seu gosto de música, e bota um jazz pra tocar. 
Acende uma vela e na música, me sinta, eu estou lá.
Quando puder, vai ver a lua. Quem sabe eu não fui pra lá. 
Ô mãe, faz um favor, cuida pra mim do menino. 
Do filho que nunca tive, mas que de alguma forma, vive.
Leva meu filho pro mar e o deixe livre pra voar, ou nadar.
Quem sabe assim, quando menos se espera, ele vem me buscar.

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