quinta-feira, 7 de abril de 2011

Carta a um amigo


Depois de muito tempo sem sentir aquele frio na barriga e borboletas no estômago, o coração resolveu disparar para o desconhecido. Acontece que, depois de conhecer e se envolver, percebemos que são muitas as diferenças. Quase como Eduardo e Mônica, mas com tipos próprios de diferenças.

O que não nos contaram é que nem sempre tudo tem que ser igual. E que a história de que os opostos se atraem também pode não ser tão verdade assim.

O que nos resta? Arriscar. Sentir. E ver até onde essa paixão inesperada pode nos levar.

Semanas depois, a paixão deixa de ser tão avassaladora e dá lugar a uma certa ausência. A um sentimento daqueles confusos, que já sentimos antes e que nos dispusemos a não viver nunca mais. Mas não somos nós quem controlamos essas coisas, embora gostaríamos muito.

E o frio na barriga passa a virar uma série de perguntas sem respostas e silêncio no telefone - quando ele toca.

As noites de sexo passam a virar noites de sono para um e de insônia para o outro.

O que está acontecendo?

Boa pergunta! Talvez a paixão tenha vindo apenas para nos mostrar que ainda podemos nos apaixonar e sentir as borboletas, antes adormecidas dentro de nós.

Que o ceticismo pode deixar de existir, que vamos encontrar pessoas certas e erradas pelas nossas andanças e boemias. E que de nada adianta as borboletas existirem se não as colocarmos para voar de quando em quando.

Infelizmente não podemos controlar nossos sentimentos - embora tentemos e o queiramos fazer. E menos ainda, controlar o sentimento do outro.

E acredito ainda que o esfriamento não esteja necessiariamente ligado às diferenças ou às semelhanças. Acredito estar ligado ao tempo e à sintonia de cada um. É importante respeitar o tempo do outro e respeitar o nosso próprio tempo. 

E às vezes, quando nos deparamos com uma nova paixão, tudo o que queremos é que ela caminhe para a estrada da felicidade eterna. Já parou pra pensar que isso pode ser até o nosso espírito cômodo falando mais alto? "Já encontrei mesmo, então, que seja essa a pessoa e eu não tenha mais trabalho." 

Às vezes não é assim. Nem pra gente, nem pro outro. Às vezes, simplesmente não é, seja nas diferenças ou semelhanças.

E o melhor de tudo é já estarmos calejados e perceber mais clara e friamente quando não é e, assim, insistir menos e evitar sofrimentos.

Nunca vamos saber quando encontramos o amor de nossas vidas. Não sabemos nem ao certo se ele de fato existe.

Enquanto isso, o que vale é o risco. Risco de começar e terminar. De tentar ou desistir. De querer esse ou optar pelo próximo. E a vida continua. E próximos virão. Ou aquele que passou, passa de novo e, agora para ficar.

Infelizmente não há fórmula. Apenas tentativas.

Um comentário:

Cristiano Sobrinho disse...

Ai ai! E a vida continua!