Quero propor o fim da firulice. Da coisa do disse-não-disse.
Desse negócio de ter que decifrar. Justo eu, que tanto falo e pouco digo. E é
exatamente por isso. Cansei dos dias de entrelinhas. Proponho um dia de
liberdade. Dizer tudo. O que sente, o que quer, o que não quer, quanto custa.
Tudo abertamente assim. Sem espaços prévios para negociações. Quero propor um
tempo ao pudor, essa coisa mimizenta e tão chata. Às convenções, aos jogos.
Quer falar com alguém, pega o telefone e liga. Não quer falar com outro alguém, atende o telefone e diz. Ama? Diga. Quer estar perto?
Fale. Quer tomar um café com o amigo que não vê há tempos? Convide. E aproveite
para dizer a razão da distância, se essa razão existir. Ou se prepare para dizer que
nada de grave aconteceu para você sumir. Que você nem está trabalhando tão duro
assim, que tem sobrado tempo, mas que só pensou em ligar hoje. Porque é assim
que acontece. Não premeditamos tudo. Certas coisas simplesmente são.
Proponho por pra fora todas essas coisas que sentimos. Todas essas que, por convenção, a gente guarda. O que há de errado com o que é
simples? Se Maria sente o “gostar” e diz que gosta e o João não o sente, que
ele diga que não gosta e pronto. Tão simples. Mas ao invés disso, a Maria não
pode dizer ao João que gosta, porque se o João souber que a Maria gosta, vai
fazê-la de gato e sapato e não vai valorizá-la. Então ela tem que ser firme e
fingir que não gosta pra ver se assim desperta o gostar nele. E ele tem que
continuar bancando a conveniência. Qual o sentido?
Por que é tão errado dizer o que se sente? Por que não pode?
Será que não nos damos conta de quanto lixo guardamos por mera convenção? Desse lixo
de letras não ditas e frases não formadas. Dessas doenças causadas pelo lixão que
mantemos na alma. Um basta!
2 comentários:
A-do-rei o basta!! Basta!! Mimimi whiskas sachê, já deu!
Você quer destruir o tecido da sociedade!
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