quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Ando cansada. 
Cansada de um cansaço quase crônico. 
Cansaço de quem procura e não se acha. 
De quem olha pro lado e não se vê. 
Cansaço de quem não tem molde e não se encaixa.
De quem não se acha. 
Do que não encaixa. 
De quem não se vê.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

À deriva


Da desordem dos dias, desistiu a alma do corpo
Taciturno, despiu-se o corpo de si mesmo
Desalmados, os olhos se despiram da beleza
Das cores do inverno, só enxergavam cinza
Na janela, cortinas em luto
Fechadas como muralhas
Visão turva de uma vida inacabada
De sonhos negligenciados durante a jornada
Da desordem do corpo, desistiu a alma dos dias
Das visões turvas dos olhos que despiram-se de si mesmos
Das cores que as cortinas em luto, recusavam-se a exibir
Dos sonhos que, no caminho, se esqueceram de existir
Da desordem da alma, desprendeu-se o corpo
Lânguido, já não via mais os dias
Nos olhos, pupilas em luto
Visão turva de sonhos inacabados
Muralhas esquecidas
Da janela dos dias 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

A besta da morte

Tem dias, que sinto que vou morrer de mim mesma. Que dentro de mim existe um bicho selvagem, uma fera indomável, que mostra sua fúria.

Essa fera, ora contida, ora esganiçada, quer devastar a mim. E somente a mim.

E começa aos poucos, mostrando a sua inquietude. 

Primeiro, um grito. Um urro grave e descontido que ecoa no estômago, sobe esôfago acima, mas o contenho na garganta.

Depois, as garras. Querem perfurar a pele. Membrana, tecido, as sinto, raivosas e impiedosas, chegando na derme, com sua selvageria mais visceral.

Então, os olhos. Vermelhos, em chamas, vão penetrando violentamente os pensamentos. Já dentro da cabeça, devora cada pedaço de sanidade que teime em existir.

Domina. 

Sou bicho. Irracional. Raivoso. Em fúria. Quase um transe. 

Dentro de mim, existe essa besta. Prestes a sair pelo meu ventre, dentes em posição de ataque, corpo em posição de morte.