terça-feira, 19 de abril de 2011

Personagens


E daqui a alguns anos, como vai ser?  Terei eu encontrando resposta para alguma das perguntas que faço hoje? Ou terão mudado as perguntas?

E esse roteiro, o da minha própria vida, quem é o autor? Serei eu personagem da minha própria história? Dona dos meus próprios questionamentos? Ou seguirei vivendo em um roteiro pré-fabricado?

Terei eu consciência dos papéis sociais que devo exercer? E quais serão esses papéis? E quem vai me dizer quais são eles ou quais eles deveriam ser?

Terei eu tempo para encontrar o que procuro? E se eu continuar sem saber o que procuro? 

Certamente encontrarei algumas coisas no caminho. E quem me dirá quais são as que devo levar comigo ou as que devo deixar onde estão?

Quanto às respostas, quais são verdadeiras ou quais me caberão? Quem vai me dizer? 

Hoje aos vinte e tantos. Amanhã, um pouco mais. Trinta e tantos, quarenta talvez. Em que parte da minha história estarei presa? Qual parte da minha história será mesmo parte de mim?

E os caminhos, quem desenha? E os desejos, vão mudar?

Daqui a dez anos, serei eu quem? Qual das personagens que habitam esse único ser? Terei eu criado outras? 

E esse roteiro, o da minha própria vida, quem é o autor?

sábado, 16 de abril de 2011

Si


Cansei
De quem vive pelas metades
De quem finge que sente e que sabe
Pra que veio e pra que está
Cansei
De quem diz meias verdades
De quem julga e acha que sabe
E pro pouco que tem, sorri
Cansei de escrever e dizer o que sinto
De tentar ser lido ou ouvido
E não ter quem o saiba sentir
Eu sei
Já é tempo da grande mudança
Aquela que vive de esperança
E que mais que sentir, tem que vir
É difícil tentar explicar
Tentar ser mais que sonhar
E viver de fato melhor
À noite
Quando a cama é tudo o que resta
Travesseiros, colchão e arestas
E dormir é melhor que sentir
Cansei
De mentiras e meias verdades
Das desculpas, de camaradagem
De viver sem se assumir
Cansei de quem diz que entende e não sabe
De quem finge que é, e na verdade
Tem o mínimo de ser em si
O nada de ser em si
Não é, não vive, não si

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Carta a um amigo


Depois de muito tempo sem sentir aquele frio na barriga e borboletas no estômago, o coração resolveu disparar para o desconhecido. Acontece que, depois de conhecer e se envolver, percebemos que são muitas as diferenças. Quase como Eduardo e Mônica, mas com tipos próprios de diferenças.

O que não nos contaram é que nem sempre tudo tem que ser igual. E que a história de que os opostos se atraem também pode não ser tão verdade assim.

O que nos resta? Arriscar. Sentir. E ver até onde essa paixão inesperada pode nos levar.

Semanas depois, a paixão deixa de ser tão avassaladora e dá lugar a uma certa ausência. A um sentimento daqueles confusos, que já sentimos antes e que nos dispusemos a não viver nunca mais. Mas não somos nós quem controlamos essas coisas, embora gostaríamos muito.

E o frio na barriga passa a virar uma série de perguntas sem respostas e silêncio no telefone - quando ele toca.

As noites de sexo passam a virar noites de sono para um e de insônia para o outro.

O que está acontecendo?

Boa pergunta! Talvez a paixão tenha vindo apenas para nos mostrar que ainda podemos nos apaixonar e sentir as borboletas, antes adormecidas dentro de nós.

Que o ceticismo pode deixar de existir, que vamos encontrar pessoas certas e erradas pelas nossas andanças e boemias. E que de nada adianta as borboletas existirem se não as colocarmos para voar de quando em quando.

Infelizmente não podemos controlar nossos sentimentos - embora tentemos e o queiramos fazer. E menos ainda, controlar o sentimento do outro.

E acredito ainda que o esfriamento não esteja necessiariamente ligado às diferenças ou às semelhanças. Acredito estar ligado ao tempo e à sintonia de cada um. É importante respeitar o tempo do outro e respeitar o nosso próprio tempo. 

E às vezes, quando nos deparamos com uma nova paixão, tudo o que queremos é que ela caminhe para a estrada da felicidade eterna. Já parou pra pensar que isso pode ser até o nosso espírito cômodo falando mais alto? "Já encontrei mesmo, então, que seja essa a pessoa e eu não tenha mais trabalho." 

Às vezes não é assim. Nem pra gente, nem pro outro. Às vezes, simplesmente não é, seja nas diferenças ou semelhanças.

E o melhor de tudo é já estarmos calejados e perceber mais clara e friamente quando não é e, assim, insistir menos e evitar sofrimentos.

Nunca vamos saber quando encontramos o amor de nossas vidas. Não sabemos nem ao certo se ele de fato existe.

Enquanto isso, o que vale é o risco. Risco de começar e terminar. De tentar ou desistir. De querer esse ou optar pelo próximo. E a vida continua. E próximos virão. Ou aquele que passou, passa de novo e, agora para ficar.

Infelizmente não há fórmula. Apenas tentativas.

domingo, 3 de abril de 2011

Tormento


Eu
Não sou nada além de mim
Esse ser pacato e insosso
Que faz perguntas, mas é vazio de si

Sou quem vive entre medos e fantasias

Que teima em existir sem ter porquê
E vai durando somente o necessário

Entre devaneios e sonhos bons
Eu?

Sou a negação e o tormento

A procrastinação de ser feliz

A resposta para pergunta alguma

Eu sou nada que existe além de mim