sábado, 8 de dezembro de 2012

Looping


Eu caminho como quem vê a vida passar. Eu espero, escrevo e me repito. Continuamente, como quem tenta se convencer. Eu espero um tempo de acontecimento, mas escrevo como quem escreve o próprio roteiro, de uma vida que talvez não seja a sua. Eu escrevo o roteiro da vida de alguém que não sou.
Me sinto um peso. Um fardo. Pesado até pra mim. Eu escrevo e sonho, mas não executo. Não ajo. Não vejo espaço. Essa ideia de fim do mundo, talvez ele já tenha acabado pra mim. Como quem espera a grande explosão num quarto escuro, vazio e solitário. Preenchido apenas com a própria bagunça. E espera do clarão uma nova chance. Um renascer da própria dor, e ela vai deixar de existir.
Se fecho os olhos, eu vejo. Me vejo. Vejo alguém. Quando os abro, não vejo mais nada além da parede firme e branca. Dura como pedra, imóvel e estática. Eu podia ser uma parede.