Sim, existe a vida. Essa coisa maluca e única. E existem dias
que não queremos que ela exista. Um quarto escuro, um lugar sombrio. Às vezes é
mais fácil se fechar nele e perder o sol brilhando lá fora. Isso é quando a
vida passa e você não vê. Às vezes, realmente, a única vontade é de fechar os
olhos. E nos fechar dentro de nós mesmos. Ainda assim, lá dentro, existe vida. Sangue
correndo, órgãos funcionando, coração batendo. Nos dias de escuridão, isso
acontece de forma mais amena, mais devagar. Como se a qualquer instante, o coração
fosse parar de bater.
Mas, de repente, ar é necessário. E como quem sai da apneia,
daquele mergulho voluntário, longo e sufocante, abre a cortina do quarto. E resolve
olhar pela sacada, ainda timidamente, a vida acontecendo lá fora. Uma lembrança.
Turva, distante, mas verdadeira. Banho tomado, coração batendo. Vontades. Sonhos.
Desejos. Hora de respirar fundo e ir atrás de um pouco mais de vida. Mais uma
dose, por favor.
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