Coração apertado
Mente vagando
Perguntas sem resposta alguma
Pernas inquietas
Ouvidos insistentes
Sobre a pele, ansiedade
Unhas roídas
Vista turva
Intestino rebelde
Engarrafamento sanguíneo
Somatizações
Somas que só a alma entende
Brilho diferente no olhar. Daquele tipo insistente.
O dia, mesmo cinza e chuvoso, passou a ter seu encanto.
Passou a enxergar os tons do cinza, ao invés do cinza opaco. E ainda encontrava entre a chuva, o verde das árvores.
Por dentro, um sentimento que não sabia explicar. Um misto de inquietação com calmaria. Uma inquietação boa, daquelas que faz ter vontade de sorrir.
As palavras passaram a ser ditas com mais doçura, pronunciadas com o deleite de quem desfruta de um manjar.
A água passou a ter gosto.
Aquele vulcão parece ter se acalmado. E pelo vidro, ela passou a enxergar a vida.
A letargia deu lugar à vida. À vida em todas as suas possibilidades. Na paixão e na dor.
Resolveu sentir tudo na alma. Com a alma. Que fosse um dia comum ou um mero bom dia ou tchau.
Pode ter a ver com paixão. Aquela que se sente quando se olha no espelho. Quando se toca e se sente. A paixão por si e pela vida. Pela própria vida.
Resolveu querer viver. Viver com tudo, corpo e alma. Assim, visceral.